Ciclo de Canto na Gulbenkian

Para delícia dos amantes do Belo Canto, no dia 2 de Outubro de 2009 a Fundação Calouste Gulbenkian inaugura o Ciclo de Canto com um recital que incide sobre canções compostas em Theresienstadt, um campo de concentração para os judeus checos estabelecido pelos Nazis em 1941, no forte de Terezín. Apresentado por motivos de propaganda, como ghetto modelo, permitia aos prisioneiros alguma autonomia nas suas actividades culturais.


Neste contexto, a música desempenhou um papel fulcral, não apenas entre os compositores que ali se encontravam detidos, mas enquanto grito último de resistência humana presente em algumas obras. A interpretação da intensidade contextual e dramática das canções é trazida por Anne Sofie von Otter, cantora que tem recebido os maiores elogios pelas suas qualidades vocais e interpretativas. Neste recital, apresenta-se com o pianista Bengt Forsberg, dupla sueca premiada em 1995 com o «Disco do Ano» pela gravação de canções de Grieg, e ainda o violinista inglês Daniel Hope e o versátil instrumentista Bebe Risenfors.

Programa
Sexta, 2 Out 2009, 19:00 - Grande Auditório

Canções de Theresienstadt

Ilse Weber
Ich wandre durch Theresienstadt

Karel Svenk
Vsechno jde!

Ilse Weber
Und der Regen rinnt

Emmerich Kálmán
Terezín-Lied de Gräfin Mariza

Robert Dauber
Serenade, para Violino e Piano

Viktor Ulmann
Beryozkele, op. 53

Erwin Schulhoff
Sonata para Violino e Piano Nº 2 (1º e 2º andamentos)

Viktor Ulmann
Clere Vénus
Immer inmitten

Erwin Schulhoff
Sangen Geigen übern See, op. 12 nº 1
Weisst du, der Sonnenmüde, op. 12 nº 3

Pavel Haas
Suite para Piano op.13 (2º andamento)
Coz je víc! , op. 18 nº 1
Dárek z lásky, op. 18 nº 2
Prípoved, op. 18 nº 5
Slzy a vzdychání, op. 18 nº 6
Statecný jonák, op. 18 nº 7

Karel Berman
De «1938-1945 Reminiscences», suite para piano solo:
II. Family - Home
V. Auschwitz - Corpse Factory
VI. Typhus in Kauffering Concentration Camp
VII. Alone - Alone!

Erwin Schulhoff
Sonata para Violino solo (1º e 2º andamentos)

Johann Sebastian Bach
Peça para violino e tecla (a definir)

Carlo Sigmund Taube
Ein jüdisches Kind

Ilse Weber
Wiegala

Anne Sofie von Otter
Meio-Soprano

Anne Sofie von Otter é considerada uma das melhores cantoras da sua geração, sendo solicitada pelos mais destacados maestros, orquestras, óperas e editoras discográficas.

Nascida na Suécia, iniciou os seus estudos musicais em Estocolmo, prosseguindo-os posteriormente com Vera Rozsa na Guildhall School de Londres. Iniciou a sua carreira profissional como membro da Ópera de Basileia, tendo posteriormente realizado um percurso internacional com mais de vinte anos. Obteve grande sucesso nas suas interpretações de Oktavian (O Cavaleiro da Rosa), um papel que gravou para a EMI com Bernard Haitink e que representou em Estocolmo, Munique, Chicago, Londres (Covent Garden), Paris, (Ópera da Bastilha), Viena, Nova Iorque (Metropolitan) e Japão, neste último caso com Carlos Kleiber.

Daniel Hope
Violino

Em 1999, o violinista britânico Daniel Hope foi eleito ''Jovem artista do Ano'' pelas duas revistas de música mais importantes da Alemanha, a FonoForum e a Rondo. Em 2000 foi nomeado para os Classical Brit Awards. Foi recentemente eleito como ''Artista Clássico 2001'' pelo jornal londrino Evening Standard. Explorando constantemente uma variedade de ideias musicais, tem desenvolvido diversos projectos, desde a interpretação em instrumentos de época até ao teatro e ao jazz. Em Julho de 2000, substituiu Nigel Kennedy , como solista e maestro, num concerto para 20.000 pessoas, na Königsplatz de Munique.

Daniel Hope surgiu na televisão britânica aos dez anos de idade, interpretando música de câmara com o contrabaixista Gary Karr. No ano seguinte foi convidado por Yehudi Menuhin para tocar duos de Bartók para a televisão alemã. Foi o início de uma longa associação de mais de sessenta concertos, incluindo o último concerto de Menuhin, a 7 de Março de 1999, em Dusseldorf. Frequentou a Highgate School e, entre 1992 e 1998, foi aluno do professor russo Zakhar Bron. Diplomou-se pela Royal Academy of Music (Londres) em 1996.

Bengt Forsberg
Piano, Teclados

Pianista sueco, Bengt Forsberg estudou na Escola de Música de Gotemburgo, diplomando-se em piano e órgão. Como solista, músico de câmara e acompanhador, dedica especial atenção à divulgação da música de compositores menos conhecidos, como Medtner, Alkan e Franz Schmidt, bem como peças menos ouvidas de compositores como Fauré, Sibelius e Franck. O seu repertório é vasto e variado e a direcção da sua própria Sociedade da Música de Câmara, em Estocolmo, ajuda à promoção desta música.

Bebe Risenfors

Acordeão, clarinete, guitarra

Nascido na costa oeste da Suécia em 1959, Bebe Risenfors trabalha há 25 anos, como compositor e músico, sobretudo na área do teatro. Os teatros onde trabalhou incluem os pequenos grupos independentes de vanguarda (Galesasen, Aurora, Stockholm) e as principais instituições da Suécia, da Dinamarca e da Finlândia (Dramaten, Stadsteatern e Riksteatern em Estocolmo, Angeredstetaern e Stadstetaern em Gotemburgo, Kanssallis e Kaupungin Tratteri em Helsínquia, Betty Nansen e Aveny em Copenhaga).

É um autodidacta que toca múltiplos instrumentos, afirmando não ter nenhum instrumento principal, mas sim inúmeros segundos... Apesar de ter começado pelo free jazz improvisado, as suas composições incluem quartetos de cordas e música de câmara, música electrónica, jazz, country, blues e rock, bem como visitas frequentes à Tom Waits-land. É membro da Bad River, uma banda sueca especializada na música de Tom Waits, que tocou em dois álbuns do mesmo autor: “Alice” e “Blood Money”. Realizou arranjos e tocou a música de Tom Waits e Kayhleen Brennan para a produção de Robert Wilson “Woyzeck” que visitou Paris em 2002. Participou também no álbum de Elvis Costello e Anne Sofie von Otter “For the Stars”, colaborando actualmente com Elvis Costello no projecto de ópera dinamarquesa “As canções secretas de H. C. Andersen”.

Fonte: Fundação Caloute Gulbenkian