25 de março de 2009

Nas Montanhas da Lua



Muitos de nós assistem filmes e freqüentam locadoras de Dvds. Culturas diferentes e tão parecidas. O beijo de uma canadense é tão gostoso e caliente quanto ao de uma brasileira e podemos viver uma paixão em Bancoc, Milão, Rapa Nui, Creta ou no Laranjal. Glamour de um sentimento único.

Nos somos diferentes e tão parecidos, queremos as mesmas coisas, podemos trair e sermos traídos e podemos buscar a vingança que a nada leva. O grande amor que jamais esqueceremos, a formatura que tanto nos custou e que muitas vezes nada nos da de retorno. Uma cobrança da sociedade de um comportamento padrão. Somente na imaginação podem ser feitos tamanhas atuações. A esposa infiel de um filme pode estar morando no lado de nossa casa. Um fio de uma navalha separa uma grande historia explorada pela mídia e a verdadeira grande historia.

Nenhum grande meio de comunicação vai se interessar pelas historias de nossas vidas, a maior de todas. Todos seremos julgados por ela , mas poucos terão sua biografia impressa para sempre no tempo. Qual a pessoa que não sonharia em ver um filme de sua vida? Eu exigiria Harrison Ford, pois não imagino mais ninguém me personificando.

Nossa vida é somente devaneios, mas não pode ser insensata. E muito fácil discernir os erros e tentar corrigi-los, mas não podemos esperar uma compensação por estar fazendo a coisa certa. É nossa obrigação. Deus não dá gorjetas. Uma determinada expedição britânica aos Andes no século XIX achou um antigo abrigo no alto de uma montanha. Os britânicos constataram ser um abrigo de espanhóis que trezentos anos antes já estiveram ali. Os corpos intactos de três soldados ali estavam totalmente intactos devido ao gelo. Alguns dos membros da expedição pensaram em dar um enterro cristão aos espanhóis, mas Sir H. R. Haggard (autor de “As minas do rei Salomão”), líder da equipe preferiu deixar tudo como estava. O que aqueles corpos intactos já não tinha presenciado. Para que enterrar? Disse ele. A incerteza da sociedade-padrão em cobrar “atitude” de quem não esta preparada no leva a fazer uma analogia com o acontecido nos Andes.

Ver a historia passar, mas não senti-la é o mesmo que estar morto. Se prender dentro de uma armadura e fugir de si próprio e não aceitar sua mentira vendo o tempo passar. Perdoar sem perdoar, fazer amor sem amar, roubar o roubo do suor do irmão. O calçamento com pedras salientes, buracos e falta de vias expressas fazem de uma cidade um reflexo de nossa vida. O sermão da montanha e os mandamentos que juramos seguir e que ao mesmo tempo nos levam a quebrar todas nossas juras. Em algum lugar os pássaros vão chegar.

André Luís Leite
Graforréia Suburbana


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