Há jardins invadidos de luar
Que vibram no silêncio como liras.
Segura o teu amor entre os teus dedos
Neste jardim de Abril em que respiras.
A vida não virá – as tuas mãos
Não podem colher noutras a doçura
Das flores baloiçando ao vento leve.
Fosse o teu corpo feito de luar,
Fosses tu o jardim cheio de lagos,
As árvores em flor, a profusão
Da tua sombra negra nos caminhos
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Obra Poética I