Numa primeira análise pode referir-se que, enquanto que o sagrado se define como associado à religião, ao divino, ao respeito e veneração, o profano define-se em relação ao sagrado exactamente como o seu oposto. Deste modo, estamos perante uma dicotomia sagrado vs profano. Mas o que são o sagrado e o profano?
O sagrado está relacionado com o divino, ou seja é o veículo para o divino. Um objecto sagrado, qualquer que ele seja: uma mata, um templo, um rio, uma cruz, uma pedra, não é um objecto divino mas algo real que permite a ligação ao divino. Estando determinado objecto associado a uma certa divindade, ele vai reflectir os sentimentos que a própria divindade evoca: terror, fascínio, amor, respeito, paixão.
A divindade é uma força que tanto vence e ajuda a vencer, como fracassa e faz fracassar; é um poder que não se pode definir, que está em todo o lado mas que não se pode localizar em lado nenhum. É uma força sobrenatural e incontrolável, quanto muito aplacada e propiciada através de sacrifícios, é, ao fim e ao cabo, o desconhecido, pois apenas se sabe que é poderosa para além do que podemos imaginar. É esse desconhecido que atrai e repulsa, que fascina e aterroriza. O seu poder é tão desejado como temido, os seus favores tão ambicionados como a sua fúria é indesejada.
O profano é um assunto mais complexo. Se seguirmos a lógica, então tudo o que não está ligado à religião é profano. Mas, como perceber o profano em certas comunidades, onde o sagrado está presente em todo o lado? Onde tudo o que faz parte da existência é sagrado? Nestes casos, onde o sagrado domina, onde poderemos encontrar o profano? A resposta é simples, não o encontraremos.
Embora a sociedade ocidental nos ensine a encarar a realidade como uma dicotomia: bem/mal, cavaleiro negro/cavaleiro branco, real/irreal, homem/mulher, civilizado/primitivo, positivo/negativo, aquela não é definível em dicotomias. Já repararam que nós, ocidentais, temos a tendência para ver um dos lados da dicotomia como positivo e o outro como negativo?
Se, em activo/passivo, o activo for positivo, o passivo será negativo. É por esta razão que, o pensamento oriental é por vezes difícil de seguir: o Yin e o Yiang, sendo pares, não são vistos como positivo e negativo, mas sim como complementos essenciais ao equilíbrio. O próprio positivo é negativo se não estiver em equilíbrio!
Deste modo o sagrado não existe sozinho: o homem para chegar ao divino desenvolveu rituais, cerimónias e tradições que definem os comportamentos a ter ou a evitar quando em presença do sagrado. Às regras que gerem o sagrado, chamamos religião.
acredito que o sagrado esta ligado ao profano, porque o homem é porfano mas por outro lado também é um ser espriritual e necessita do divino.
ResponderEliminarPena que o 'sagrado' esteja em mãos muito banalizadas, porque religiões hoje no dia-a-dia só nos dizem coisas que nos tornam duros e descrentes.
ResponderEliminarEsse assunto é sensacional. Uma amiga minha do mestrado escreveu a dissertação dela sobre esse assunto.
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