A Lenda de Almorolon

Castelo de Almourol

Em tempos que já lá vão, ainda antes do reinado de D. Afonso Henriques e muito antes da chegada dos seus cavaleiros ao Rio Tejo, conta-se que no Castelo de Almourol vivia um nobre mouro, de seu nome Almorolon. Ora este Emir das arábias terá tido um honroso gesto ainda hoje lembrado, e desse modo cedeu o seu nome ao Castelo. Reza assim a história: 

Era uma vez um Emir que vivia num castelo com a sua filha, uma linda donzela que embelezava qualquer lugar por onde passasse. Ela era tão bela, que iluminava as flores dos bosques que circundavam o castelo, dando-lhe um colorido especial.

Certo dia, a formosa princesa apaixonou-se por um jovem e galante cavaleiro cristão. Loucamente enamorada, completamente cega pela paixão, ela revelou ao seu amado a forma segura de entrar no castelo pela calada da noite, sem que a guarda o visse. E assim os dois amantes passaram a encontrar-se diariamente; murmuravam juras de amor e planeavam futuros deslumbrantes, num encantamento sem fim.

Numa dessas noites de mel, quando o Verão já se despedia, o jovem cristão entrou no Castelo com o seu exército e tomou-o à traição, deixando a sua jovem amante desolada pela dor. O Emir e a princesa foram presos numa torre alta e fria, e foi lá que a bela rapariga confessou a sua fraqueza ao pai. Almorolon era um homem sensível, compreendeu a angústia da filha e perdoou-lhe todos os devaneios.

Ambos com o coração dilacerado, não aceitando o cativeiro, pai e filha abraçaram-se e assim saltaram da janela da torre para as profundezas das águas do Tejo. 

Adaptação livre da lenda por Luísa L.