Correndo o ano de 1148, conquistadas Lisboa e Santarém, D. Afonso Henriques tinha montado o cerco a Óbidos desde os primeiros dias de Novembro. Na noite de 10 de Janeiro, na sua tenda, o rei conversava com um dos seus melhores cabos de guerra, Gonçalo Mendes da Maia. Comentavam que aquela demora dos mouros se renderem assentava no bem abastecidos que estavam, pelo que só um ataque de rompante poderia acabar com aquele compasso de espera. E quando cada qual recolheu à sua cama, ficara assente esse ataque em grande para a madrugada do dia seguinte.
O acampamento português estava vigiado por umas quantas sentinelas, mas a verdade é que um vulto conseguiu esgueirar-se entre elas e penetrar na tenda de Gonçalo Mendes da Maia, acordando-o. O guerreiro ficou abismado como tudo aquilo aconteceu e mais ainda ao verificar que se tratava de uma rapariga de rara beleza, que dizia ter saído do próprio castelo e estar ali para que ele a levasse ao rei, a quem queria comunicar uma mensagem urgente. Lá de quem era, não sabia, pois lhe fora transmitida em sonho por um jovem cavaleiro de alvas barbas. Admirado com tudo aquilo, Mendes da Maia entendeu levar a intrusa ao rei, que ele próprio acordou.