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Tudo é número, este era o lema de Pitágoras e da sua escola; este pensamento relacionava o princípio das coisas com os números inteiros e baseava-se no conceito filosófico da “observação de que se poderem produzir conjuntos harmónicos, principalmente na música, através das diferentes combinações numéricas”. (1)
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Mas os números são fascinantes… eles são tudo o que a nossa imaginação pode alcançar. Se somarmos dois com dois obtemos quatro, e quatro pode ser qualquer coisa, os quatro pontos cardeais, os quatro cavaleiros do Apocalipse, as quatro fases da lua; mas se subtrairmos dois de dois, então obtemos zero e zero é o vazio, mas também pode ser o negro que tudo absorve e encerra como um dragão faminto, pode ser o fim e o início, o tudo e o nada.
Se multiplicarmos dois por dois, obtemos um quadrado e um quadrado é uma figura compreensível, pode ser uma porta para o infinito ou o tampo de uma mesa, pode ser uma passagem para o centro da terra ou o espaço limitado do nosso jardim, também pode ser a base de uma gaiola ou o soalho de uma prisão. Quanta beleza e angústias podem encerrar os quadrados perfeitos!
Podemos obter um cubo se multiplicarmos dois por dois e novamente por dois; então começamos a compreender melhor, porque estamos a ver a nossa própria dimensão, o cubo é algo com forma e volume, podemos tocar nos seus vértices agudos, podemos sentir as suas arestas cortantes como espadas afiadas ou a macieza aveludada das suas faces. Podemos entrar e sair, podemos subir e descer, podemos voar num cubo ou descansar de uma longa caminhada. Com apenas dez dígitos podemos arriscar qualquer forma ou abstracção, podemos criar, podemos entrar ou sair de qualquer dimensão.
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Tudo que sabemos de Pitágoras são relatos posteriores à sua existência, visto ele e os seus seguidores usarem a tradição oral no estudo e transmissão dos conhecimentos; este filósofo, ao que parece foi um homem muito culto e viajado. Sabemos que na sua escola se ensinava filosofia, matemática, religião e mística. “A moral dos pitagóricos consiste numa regulamentação rigorosa dos comportamentos e das tarefas. A sua politica é teocrática, aristocrática e conservadora.” (1)
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Atribui-se a Pitágoras o teorema com o mesmo nome – num triângulo rectângulo, a área do quadrado adjacente à hipotenusa é igual a soma dos quadrados adjacentes aos catetos, mas este conhecimento já existia cerca de mil anos antes, na Babilónia. Ao que parece este filósofo apenas o demonstrou e daí desenvolveu outros conhecimentos como seja a demonstração do teorema da soma dos ângulos de um triângulo.
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A filosofia da escola pitagórica baseava-se na linguagem dos números. Deus era designado pelo número Um e a matéria pelo número Dois, o universo era expresso pelo número Doze. O número Doze, não era senão o produto entre Três – os três mundos concebidos por Pitágoras e Quatro – número referente aos quatro elementos da Natureza.
A partir desta base, posteriormente foram extrapoladas muitas teorias acerca dos números pitagóricos entre as quais a célebre tabela de Pitágoras usada em numerologia. Sobre esta tabela falarei no próximo artigo.
(1) Nova Enciclopédia Larousse, edição Circulo de Leitores 1997
Acho fascinante a história e a filosofia. Adorei. bjs
ResponderEliminarJoyce,
ResponderEliminarObrigada pela visita e pelo comentário.
Beijos