5 de janeiro de 2011

Breve História do Papel


A Floresta tem uma importância fundamental para a Indústria do Papel. O abate descontrolado das florestas, tem causado distúrbios catastróficos no meio ambiente, reduzindo consideravelmente espécies animais e vegetais. Esperemos que as indústrias responsáveis pelo fabrico do papel e os nossos governantes tomem consciência deste facto e adoptem as medidas necessárias à preservação da natureza.


O que é o papel

A necessidade do Homem comunicar e registar informação sobre os acontecimentos que presenciava, levou-o a servir-se dos mais diversos materiais que pudessem se utilizados para esse efeito.

A pedra, elemento natural do seu habitat nos tempos mais remotos, foi o primeiro meio de comunicação, como testemunham as pinturas rupestres e as gravações esculpidas a cinzel, que ainda hoje podem ser apreciadas em vários pontos do mundo. Os escribas egípcios gravavam também na pedra os seus hieróglifos.

Na origem, o papel era designado como uma “substância feita sob a forma de folhas finas, a partir de trapos, palha, madeira ou outras matérias-primas fibrosas e que se destina a diversas aplicações”.

Os antigos caldeus usavam tijolos ou placas de barro de vários tamanhos que eram gravados quando ainda estavam macios, sendo depois cozidos para enrijecer. A madeira também foi usada durante muito tempo antes de Homero (Século IX AC).

No antigo Egipto, por volta do ano 3700 A.C., começa a ser utilizado o papiro, assim designado por ser fabricado a partir de uma planta com o mesmo nome (Papyrus).

Para fabricar o papiro, os egípcios cortavam o caule da planta em tiras, dispondo-as lado a lado e em camadas cruzadas. Estas tiras vegetais eram colocadas umas às outras com uma água barrenta, após o que eram sujeitas à prensagem entre duas pedras. Por fim a folha de papiro era seca ao ar e amaciada com uma pedra de ágata.

Segredo bem guardado pelos chineses

Descobertas recentes de papéis em túmulos chineses muito antigos, mostraram que na China se fabrica papel desde os últimos séculos antes da Era Cristã.

Segundo registos existentes, no ano 105 da Era Cristã o oficial da corte imperial Ts’ai Lun inventou o fabrico do papel a partir de desperdícios de têxteis ou seja de trapos. Depois os papeleiros chineses foram diversificando a produção introduzindo no uso corrente vários tipos de papéis como os papéis encerados, revestidos e tingidos, ou protegidos contra insectos mas as dificuldades para satisfazer a procura crescente dos serviços públicos levaram-nos a procurar mais fibras e optaram então pelo bambu que desfibravam cozendo-o em meio alcalino.

Da China as técnicas de fabrico do papel passaram rapidamente à Coreia e foram introduzidas no Japão no ano 610 da nossa Era. Nestes dois países o papel é ainda, e em escala significativa, fabricado manualmente seguindo a velha tradição e de preferência a partir de fibras virgens do liber da amoreira (em japonês Kaza).

O conhecimento dos métodos de elaboração do papel espalhou-se rapidamente pela Ásia Central e Tibete e daí passou à Índia. Para a divulgação desta arte, em muito contribuíram os mercadores, que além de transportarem as mercadorias para comercializar noutros pontos distantes, serviam também de “arautos” dos grandes acontecimentos que tinham lugar nos reinos por onde passavam.

As grandes distâncias que separavam os principais centros comerciais, que aos poucos iam sendo conhecidos e fazendo parte das rotas dos mercadores, eram geralmente percorridas a pé ou com o recursos a animais de carga, justificando-se assim, que só no ano 600 tenha chegado à Coreia e, quinze anos mais tarde, ao Japão. Em 751 atingiu a antiga cidade de Samarcanda e foi introduzido em Bagdad cerca de 40 anos depois. Daí seguiu em direcção ao Egipto (ano 900) e a Fez (Marrocos), onde chegou por volta de 1100. Não foi preciso muito tempo para chegar à Europa.

A história do fabrico do papel na Europa

No ano de 1150, os espanhóis já faziam papel em Játiva, em Valência. Da Espanha o papel passou à França, onde foi criada uma fábrica na cidade de Troyes, em 1384, e finalmente atingiu a Inglaterra e John Tate estabeleceu a sua primeira fábrica em Hertford no ano de 1494. Foram precisos quase 100 anos para chegar à Holanda, onde a primeira fábrica surgiu em 1586.

Para chegar á Itália, o fabrico do papel seguiu uma rota mais curta do que a de Marrocos e Espanha, provavelmente, cruzando o mediterrâneo, porque em 1276 já se fazia papel em Fabriano.

O conhecimento passou então à Alemanha e, em 1390, Ulman Stromer criou uma fábrica em Nuremberga. A primeira greve operária de que há memória ocorreu na fábrica de papel de Stromer, em 1391.

Depois das primeiras produções na Itália e na Alemanha, o fabrico do papel na Europa foi-se generalizando pelas diferentes regiões e as técnicas utilizadas foram sendo aperfeiçoadas. Um importante progresso foi o de introdução de maços na preparação do trapo já limpo e desfiado para o reduzir a uma pasta que depois de macerada era lançada nas formas mergulhadas em celhas.

A partir do século XVI No século XVI o alisamento manual das folhas com a faca de vincar ou com pedra de ágata foi substituindo pelo uso de martelos de amaciar, semelhantes a martelos de ferreiro, o que provocou uma cisão na profissão, indo os “amaciadores" tradicionalistas para um lado e os modernos "stampers" para outro, não se reconhecendo mutuamente como autênticos fabricantes de papel.

No século XVIII assistiu-se a algumas concentrações de actividade artesanal em grandes operações – as manufacturas – que no entanto continuaram dependentes de hábeis "papeleiros" organizados em associações artesanais livres. Os esforços para aumentar a produção e também para ultrapassar as regras restritivas impostas pelos "papeleiros" tradicionais culminaram com a concepção e construção de máquinas de papel.

A primeira que se construiu com moldes horizontais foi-o em 1798 na Inglaterra por J.N.L. Roberts a qual foi depois melhorada por Danking e pelos irmãos Fourdrimir.

Pouco tempo depois outros tipos de máquinas apareceram como as de moldes de arame transportados numa cadeia sem fim e em que a pasta era estendida num feltro também sem fim, e também a máquina de cilindros de Dickinson.

Durante o século XIX continuaram a construir-se máquinas com moldes horizontais ou de cilindros e foram acrescentadas com uma secção de secagem (secaria) e continuamente aperfeiçoadas nos seus detalhes o que levou rapidamente a um considerável alargamento da teia de papel e ao aumento das velocidades de produção.

Todo este esforço para progredir fez-se mantendo praticamente a mesma matéria prima fibrosa o "trapo” cujo manuseamento era no dizer de Karl Marx "...uma das espécies de trabalho
mais suja e pior paga para a qual são escolhidas de preferência mulheres e raparigas... As trapeiras são o veículo de propagação de varíola e outras doenças infecciosas e elas próprias as suas primeiras vitimas".

Em Portugal

Como já se referiu depois da tentativa portuguesa em Vizela em 1803 de utilizar madeira como matéria-prima para o fabrico de papel, só na segunda metade do século XIX é que a madeira começa de facto e progressivamente a substituir os trapos. O processo é naturalmente lento e em Portugal ainda se fabricava papel de “trapos” nos anos 50 do século XX.

O período aproximadamente de 1860 a 1950 foi caracterizado pelo aumento da velocidade de trabalho, introdução da energia eléctrica novos aperfeiçoamentos em várias partes das máquinas de papel, o desenvolvimento de máquinas especialmente concebidas para produzirem tipos particulares de papel e cartão (por exemplo: cilindro yankee, máquina de cilindros múltiplos).

A partir de 1950 até 1980 verificaram-se mudanças sem precedentes no fabrico do papel. Paralelamente a mais aumentos na largura da tela e na velocidade de fabrico são introduzidos novos materiais (pastas termo-mecânicas, papéis usados destinados, novos aditivos, novos produtos químicos e corantes, novas opções para a formatagem das folhas (formatadores de dupla teia), colagens neutras, maior ênfase na protecção do ambiente (circuitos fechados) e acima de tudo a automatização.

Na última década as fábricas de pasta e de papel têm conseguido reduções significativas dos poluentes nos efluentes líquidos e nas emissões gasosas para a atmosfera.

Fonte: CELPA – Associação da Indústria Papeleira


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